sábado, 12 de novembro de 2016

A PIRÂMIDE DE APRENDIZAGEM DE WILLIAM GLASSER





Provas & Gabaritos de Concursos: A PIRÂMIDE DE APRENDIZAGEM DE WILLIAM GLASSER: Você sabia que quando ensinamos, é quando mais aprendemos? Conheça a pirâmide de aprendizagem de William Glasser. O psiquiatra americano ...

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sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Autores literários na escola: como fazer?


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Imagem daqui

Um texto muito interessante e prático do José António Gomes, na Casa da Leitura, com a devida vénia ao Jsoé Caseiro pela sugestão oportuna.

Encontro com um escritor ou ilustrador:18 sugestões para um projecto de promoção da leitura e da escritaJosé António Gomes 

RESUMO
O autor propõe um conjunto de reflexões breves e orientações cujo fundamental propósito é contribuir para a dignificação e requalificação de uma das actividades de promoção de leitura mais frequentes nos dias de hoje: os encontros de autores com o público infantil, em escolas e bibliotecas.


Os encontros com escritores, por vezes com ilustradores, são hoje em dia frequentes em muitas escolas, bibliotecas e autarquias do país e abrangem todos os níveis da escolaridade, com especial incidência nos 1º e 2º ciclos do Ensino Básico. Não é, contudo, incomum a realização deste tipo de encontros seja com crianças em idade pré-escolar, seja com jovens do 3º ciclo e do Ensino Secundário.
Proponho, neste quadro, algumas reflexões que vão no sentido de contrariar uma certa banalização e desqualificação desta actividade a que nos últimos anos se vem assistindo. Diga-se, para começar, que um encontro deste tipo constitui uma iniciativa meritória cuja preparação implica considerá-lo, em primeira instância, como momento culminante de um projecto de carácter mais amplo, cujos propósitos essenciais se prendem com a educação linguística e literária, com o conhecimento dos escritores, dos ilustradores e das suas obras e com a promoção do livro, da leitura, da escrita e da arte da ilustração.
O encontro configura, por outro lado, um momento de abertura da escola ou da biblioteca à comunidade, numa iniciativa cultural que, muitas vezes, se vê associada à realização de pequenas feiras do livro, organizadas com a colaboração de editoras, de empresas de distribuição de livros ou de livrarias.
Quando a iniciativa parte da biblioteca pública ou da autarquia, conta por vezes – o que deveria ser uma regra – com a cooperação activa da escola. Não é raro a imprensa e as rádios locais serem informadas da presença do autor, o que é desejável, podendo deste modo contribuir para a divulgação da actividade, para um certo eco da mesma na comunidade e, no limite, para a construção de representações positivas sobre a leitura e a escrita literária junto das populações.
Este tipo de encontro não deve, por isso, ser encarado como mera actividade isolada e desligada de um projecto de educação literária, ou como uma forma mais de dar cumprimento a determinado ponto do plano de actividades de uma escola, de uma biblioteca ou de uma autarquia. O encontro não pode ser visto como simples fogacho ou como um momento de «fogo de vista», para recorrer a uma imagem recorrente nas discussões em torno deste tema. Interessa, por outro lado, ter a consciência clara de que a deslocação e presença de um autor constitui, para este, uma forma de trabalho paralelo à sua ocupação principal (e que normalmente a prejudica), trabalho que envolve tempo e esforço físico e psicológico, devendo por isso ser reconhecido e dignificado. Importa, por isso, programar e planificar o encontro com antecedência, definindo os seus objectivos de maneira rigorosa – no quadro das finalidades de um projecto de promoção da leitura e da escrita de maior amplitude – e organizando-o de modo profissional, ou seja, com saber, sensibilidade e sentido da dignidade. O que, necessariamente, implica trabalho e recursos. E, mais do que tudo, implica gosto pela leitura, apreço pelos livros e pela literatura. Neste contexto, proponho-me apresentar algumas notas sobre a organização deste tipo de iniciativa.
  1. Enquanto actividade de promoção da leitura e da escrita, o encontro com um escritor ou ilustrador numa escola ou biblioteca (escolar ou pública) deve ser planificado com a necessária antecedência e integrar-se num pequeno projecto de carácter educativo, envolvendo:
•a leitura integral orientada de pelo menos uma ou duas obras do escritor ou ilustrador e eventualmente a leitura recreativa de outras;
•actividades de escrita decorrentes dessa leitura (crítica, recriação, «escrita à maneira de», prolongamento de uma narrativa…) ou relacionadas com a visita do autor (biografia, entrevista…);
•actividades de pesquisa (busca, recolha, selecção e organização de informação, designadamente sobre a vida e a obra do autor, em enciclopédias, dicionários de autores, páginas na Internet, etc.);
•trabalhos de carácter pluri e interdisciplinar (Língua Portuguesa – Expressão Musical / Educação Musical – Expressão Plástica / Educação Visual e Tecnológica, etc.), que podem assumir a forma de leituras encenadas, pequenas reconstituições artesanais de cenários, modelagem de personagens, marcadores de livros, textos ilustrados, canções.

  1. Após um contacto directo e atempado com o escritor ou ilustrador, tendo em vista a formulação do convite e o agendamento do encontro, a visita deve ser devidamente programada pelos professores ou bibliotecários e pelas turmas, prevendo-se os recursos necessários para a deslocação e para a sessão.
  2. A biblioteca escolar, a biblioteca pública, a imprensa local, o livreiro da zona devem ser informados do projecto e estimulados a nele colaborar.
  3. No caso de a iniciativa do encontro partir da biblioteca pública, deve existir um trabalho de cooperação entre os seus responsáveis e a escola.
  4. Os encontros devem culminar actividades (anteriores) de leitura em que aos jovens tenha sido dada a oportunidade de ler, observar, interpretar as obras do escritor ou ilustrador – o que implica a prévia existência de livros no estabelecimento de ensino ou na biblioteca, a fim de que os alunos os possam ler e trabalhar (exemplares em quantidade suficiente, adquiridos pela escola ou emprestados, também em número suficiente, pela biblioteca pública).
  5. No período que antecede a visita e durante a mesma, deve haver obras do autor à venda, o que implica o contacto prévio com editoras, com uma distribuidora de livros ou com o livreiro local.
  6. Uma selecção dos trabalhos elaborados pelos alunos no âmbito do projecto de leitura pode encontrar-se exposta no local onde decorrer a sessão.
  7. O local de realização do encontro deve possuir condições acústicas e de conforto adequadas.
  8. Cada sessão (pode haver duas numa manhã ou numa tarde) não deve ultrapassar uma hora a uma hora e meia; o número de alunos por sessão não deve exceder 45, sob pena de o encontro se tornar ruidoso, fastidioso e improdutivo (seleccionar uma turma ou duas, ou então uma turma e um grupo de representantes das restantes turmas). São, portanto, de evitar grandes aglomerações, bem como a presença na mesma sessão de crianças ou jovens de faixas etárias com interesses e competências de leitura muito diferentes.
  9. A introdução, o final e as ligações entre os diferentes momentos da sessão devem ser assegurados por um professor, por um bibliotecário ou por um ou dois alunos (sobretudo se forem adolescentes).
  10. A conversa com o escritor ou ilustrador deve ser antecedida de uma breve apresentação feita em conjunto por alunos e um ou dois professores ou bibliotecários; aqueles poderão ler alguns textos do autor e apresentar uma pequena amostra dos trabalhos realizados.
  11. Entre blocos de perguntas e respostas, pode haver lugar a momentos de leitura de textos do escritor, à projecção de imagens do ilustrador ou à apresentação de trabalhos dos alunos (recitação, leituras individuais ou de grupo, momentos musicais ou teatrais, distribuição de marcadores de livros com textos do autor, etc.). Desse modo, haverá mudanças de ritmo, de protagonistas, alternância e diversidade de actividades, o que tornará a sessão mais dinâmica, variada e interessante.
  12. A maioria das perguntas ao autor deve ser preparada com antecedência e em função das leituras feitas, para que não haja repetições. Pode haver lugar a intervenções espontâneas e ao debate livre mas ordeiro. São todavia de evitar todas as perguntas que tenham a ver com a vida estritamente pessoal do escritor ou ilustrador, bem como perguntas do tipo das que se seguem e que, por vezes, se repetem de forma penosa, evidenciando a ausência de leitura e a falta de preparação da sessão: Qual foi o seu primeiro livro? Quantos livros já escreveu? Gosta mais de escrever para crianças ou para adultos? Quantos anos tem? De que clube é? etc.
  13. Os professores ou bibliotecários devem envolver-se, sem excessos, na sessão, de modo a garantir a ordem e a tranquilidade necessárias ao diálogo.
  14. Durante o encontro, os alunos podem colher elementos para uma entrevista ou reportagem a redigir posteriormente e fazer gravações e fotografias – elementos a integrar em trabalhos posteriores (um jornal; um dossier documental para a biblioteca da escola; uma pequena exposição, etc.)
  15. Pode haver uma ordeira sessão de autógrafos no final, sempre dados em livros e nunca em folhas de papel ou em fotocópias (ilegais) das obras.
  16. A oferta simbólica ao escritor ou ilustrador de uma pequena selecção dos trabalhos realizados, ou até de um objecto simples construído pelos próprios alunos e relacionado com as obras lidas, poderá assinalar, de modo agradável, o final da sessão.
  17. Podem ser criadas condições para uma posterior troca de correspondência com o autor.
    Para saber mais:
    LA CHARTE DES AUTEURS ET DES ILLUSTRATEURS JEUNESSE – http://la-charte.fr/index.html (11/11/2016)